Voltando ontem pra casa, eu estava pensando em Deus...Mais especificamente no 'caráter' de Deus. Minha limitada consciência humana pôde então pontuar algumas coisas...
Por que será que às vezes somos tentados a não desejar o bem pra alguém? Frases egoístas do tipo: "Você vai colher tudo o que plantou" - na verdade esta é uma lei natural, não porque Deus está lá de cima anotando tudo o que você fez de errado pra te cobrar arduamente depois e te punir, mas sim porque tudo o que fazemos existe uma consequência, aquela consequência que nós mesmo optamos por correr o risco. Por exemplo, se alguém te fala "Bom Dia" na rua e você não responde, muito provavelmente se essa pessoa te encontrar novamente não irá te cumprimentar ...existem raras exceções. É uma consequência de um erro.
Outra frase: "Te desejo tudo em dobro". Alguém te fez mal, te machucou, te maltratou e etc e você me solta uma dessa...Você acha mesmo que 'expor' alguém ao erro é agir da mesma forma que esse alguém agiu ou simplesmente envergonhá-lo diante de uma reação inversamente proporcional ao que você recebeu? É...eu sei, é difícil! Mas é sabiamente eficaz.
Desejar o bem independente das circunstâncias não é sinônimo de fraqueza, muito pelo contrário. Só consegue agir dessa forma quem é dotado de maturidade emocional, essa que é uma das características mais carentes nos relacionamentos.
Segundo o psicanalista Jung, todos nós carregamos em nosso inconsciente um arquétipo chamado sombra, que é responsável pelos nossos atos e pensamentos violentos e, socialmente, inaceitáveis. A sombra é o lado “primitivo” do homem, que foi gradativamente, durante todo seu processo de “evolução”, sendo reprimida no inconsciente através dum processo social de “educação” (adestramento) que sofremos durante todo o decorrer de nossa história. De vez em quando ela da às caras. Nos momentos em que explodimos numa fúria cega, é ela, nossa amiguinha, que bota lenha na fogueira. O Self, arquétipo responsável pelo “equilíbrio” do inconsciente, é quem da uma “segurada de onda”, canalizando essa violenta energia para outros arquétipos, aliviando-nos, e afundando no sub, cada vez mais, a sombra. Oras, isso é maturidade emocional.
Nos momentos de raiva sei o quanto é difícil 'segurar a onda' (como sugere a idéia do nosso amigo Jung), por isso o ditado: "Conte até dez". Para algumas pessoas isso é mais complicado do que pra outras devido a formação do temperamento. Umas são mais contidas (ex: o fleumático), outras são mais explosivas e impulsivas (ex: colérico e em segunda escala o sanguíneo). Mas é importante ter em mente que o tipo de temperamento não DETERMINA suas reações, afinal todos nós temos a capacidade de superação e auto-avaliação...Ou seja, inteligência. Isso não funcionaria todas as vezes mas o colocaria num hábito comportamental a ser seguido extremamente mais saudável. Consequentemente, a qualidade dos relacionamentos aumentariam.
Deixando um pouco o lado dos relacionamentos e entrando na avaliação da consciência, posso presumir que nenhum indivíduo é totalmente feliz e saudável quando guarda dentro de si uma ira capaz de desejar o mal a quem quer que seja. É como se você tomasse um veneno esperando que a outra pessoa morra.
Tenho uma certa "pena" de pessoas assim, elas são contrariadas (afinal, todos nós somos contrariados de vez em quando) e por enxergarem apenas o que foi limitado pela sua consciência, acabam por proferir palavras de injúria, desejando o mal e até mesmo dizendo: "A mão de Deus vai pesar sobre você". Oras, não coloque Deus no meio da sua ira e descontrole, muito menos difame a imagem de um Deus que prega o perdão e a compaixão.
As lições a vida sempre dá, independente de você ter feito o mal. Desejar o mal é muito mais sério do que a própria ação de quem te fez o mal.
Esse tipo de observação serve para todos nós, caso queiramos qualidade de vida e uma consciência mais tranquila.
A atenção não é por buscar uma imagem boa, muito menos se fingir de "bonzinho" (muuuita gente faz isso)...Mas que esse tipo de pensamento se torne um hábito e que seja de coração. Tenho pra mim que toda e qualquer mentira bonita é pior do que uma verdade feia.
Desejar o bem independente das circunstâncias é uma das maiores virtudes.
É nobreza de caráter!
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